quarta-feira, 31 de dezembro de 2014
Viva pra si ou morra por eles
O que é preocupante de verdade é esse espírito raso que a gente, por vezes, abriga. Essas trocas que fazemos em prol da nossa imagem diante dos outros, em detrimento de nosso próprio bem estar. Isso que pode fazer toda diferença lá na frente, por nos ter roubado o melhor de nós mesmos, sem termos ao menos nos dado conta.
Eu, por exemplo, já perdi as contas de quantas vezes já fui numa festa e não dancei porque tive vergonha, apesar da imensa vontade de correr ao encontro dos amigos na pista. Uma colega minha jamais sai de casa calçando chinelos, "Meu pé é horroroso!" - se justifica. Outra passa a vida se escondendo atrás de uma franja que detesta, "Mas é melhor do que deixar esse testão à mostra", diz. Sobre os que têm vergonha de dizer que pegam o busão todo dia para irem trabalhar ou estudar, eu prefiro nem comentar.
De quem estamos nos escondendo, afinal? Temo que seja de nós mesmos. Não que precisemos sair por aí adoidados, fazendo o que der na telha, mas há concessões e besteiras desnecessárias atrapalhando nosso caminho, nossa visão. O que espero é que deixemos nosso lado besta cada vez mais de lado, que peguemos a batata frita com a mão, que não tiremos o carro da garagem para ir até a padaria da esquina. Espero que a gente deixe de flutuar, aterrize. Que a gente pise no chão.
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
Descanse em paz enquanto pode
A gente cansa da nossa casa, da nossa escola, do nosso trabalho. Cansa das pessoas que a gente ama, das nossas roupas, dos nossos bichos, da caminhada. A gente cansa da gente.
E pior cansaço é o de si. Das mesmas manias chatas, daquelas ideias erradas. De algumas atitudes espontâneas, então... Estamos com fadiga, querendo voltar no tempo. Esse papo de se arrepender apenas daquilo que não fez é coisa de gente meio doida, que tem dificuldade em admitir fracassos e reconhecer erros. Ah, a gente cansa! Cansa mesmo. Esse despertador, o vizinho inconveniente, o interfone com defeito.
Mas sabe que é bom? É. Porque se somos forte e estamos exaustos, mudamos. Se cansando a gente entrega as chaves do carro a um amigo e vai de bicicleta. Se cansando a gente pede um aumento ao chefe, uma ajuda ao colega que é bom em matemática. Não joga os bichos na rua, mas pega mais uns dois. Não fica calado sentindo raiva, chama pra conversar. Se cansando a gente para a caminhada por alguns instantes, seleciona uma outra pista, toma um gole d'água e recomeça num novo ritmo.
Se cansando a gente bate a porta com força, vai ali na argentina, respira novos ares. Reconstrói nossa fé num mundo melhor para todos. Ligeiramente desnecessário é dizer que os cansaços mais cansados são os de maior potencial. Os pivores de grandes reviravoltas. Um mal necessário que sempre volta.
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Pra não morrer de novo
Não te preocupa, não olha pra trás. Tenho feito alguns ajustes, tenho limpado tua sujeira. Uma nova ordem vem sendo instaurada. Mas dessa vez, aparelhos seletivos nas portas. E sem cristais ao alcance dos olhos.
domingo, 16 de novembro de 2014
Ida
Desenhei flores em teu caminho,
uma canção no silêncio de teus dias,
você dormiu, não viu.
Agora estou comigo,
procurando flores no caminho,
acendendo luzes na escuridão.
De ti não sei,
dou fé de que estejas sorrindo,
enquanto cantas outra canção.
sábado, 15 de novembro de 2014
Reclamações regressivas
Há uma tendência, da qual participo com afinco, da reclamação da boca pra fora. Reclamação sobre o que não incomoda de fato, sobre o que é tão simples, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Minha reclamação vai, agora, pra esse tipo de bobagem que nos toma muito tempo e que amargura o que pode ser doce.
Hoje, sábado de tarefas zero, levantei cedo. Acordei sozinho, nenhum amor. Umas crianças gritando na calçada e passarinhos se comunicando com outra dimensão. A água do chá secando no fogo e o sereno invadindo parte da sala. E eu, conectado a mim, percebi a graça de estar comigo. E apenas isto.
domingo, 21 de setembro de 2014
Visita
sexta-feira, 5 de setembro de 2014
Drama
Tem uma coisa comendo meu coração
Tédio
Eu aqui de novo
Alguém me disse pra deixar de ser assim
Sozinho
Aflito
De desgostar de mim
Uns gritos vindos dali
Umas risadas vindas de lá
Mas alto mesmo é o que meu peito tem a falar
Falar desse absurdo de estar acompanhado e ser só
Dessa garganta forte, do nó
Do cinza do céu azul
Da dor, enfim
Que me faz calar, que me rouba de mim
sábado, 2 de agosto de 2014
Fazendo o sonho acontecer
O que fazer pra alcançar nossos sonhos? Acordar me parece um ótimo começo.
quinta-feira, 24 de julho de 2014
Quando falta luz
quarta-feira, 23 de julho de 2014
A timidez do Eu te amo
segunda-feira, 7 de julho de 2014
Besteiras que circundam a homossexualidade feminina
domingo, 22 de junho de 2014
Sexo casual
quinta-feira, 19 de junho de 2014
Proibido amar
sábado, 31 de maio de 2014
A droga do pertencimento
Nem as mais sinceras lágrimas
Nem a gigantesca vontade
Nem que tu queiras será dele propriedade
É certo que os ciúmes vem
É certo que eles vão
Assim como as paixões, sem perdão
Poupa teu tempo então
Cultiva a parte clara
Evita a desavença
Jamais possua
Jamais pertença
sábado, 10 de maio de 2014
Destinatário Mundo
Você podia me esquecer só um pouquinho
Me abandonar numa dessas tardes cheias de nada
Me virar as costas com desprezo
Me doar, me leiloar, me vender
Sumir de mim
Não é pedir muito
Me esquece atrás de uma estante qualquer
Me envia para o fundo do mar
Me deixa cair numa fenda
Me implode
Me chuta pra longe
E então continua teu ridículo espetáculo
Amadurece tua rudez e crueldade
Incentiva o ódio e aniquila teus inquilinos
Agita teus oceanos
Gira com aspereza
Mas não demora muito, não
Eu vou te observar de longe
Só volto quando teus céus não mais estiverem espessos
Quando teus leitos estiverem tranquilos
Quando me acordares sorrindo
segunda-feira, 21 de abril de 2014
Montanha-russa
Essa escuridão que te cerca é de papel.
Rasga. Respira. Se vira.
Não rola nessa lama que te abriga.
Não insiste no vazio do perdido.
Não nada em areia movediça.
Enfeita a casa, balança o corpo.
Come um pedaço daquele bolo.
Vem aqui fora, encanta umas coisas.
Sobe no telhado.
Olha a vida de cima.
E então cai de novo.
domingo, 20 de abril de 2014
Estranho
domingo, 6 de abril de 2014
Robots
sábado, 29 de março de 2014
Como viver no meio de Lobos?
sábado, 15 de março de 2014
Escrever
sexta-feira, 7 de março de 2014
Vazio
sábado, 22 de fevereiro de 2014
Storm
sábado, 15 de fevereiro de 2014
Tempo
domingo, 9 de fevereiro de 2014
18
segunda-feira, 6 de janeiro de 2014
Alguns desejos
Que as coisas mudem para todos. Para melhor, se possível. Apesar de achar ligeiramente ingênuo e um tanto quanto inútil desejar melhoras maravilhosas, eu sei que isso todo mundo quer. E eu quase nunca acho que mudanças são ruins. E também não acho que devem sempre ser espetaculares. Espero que conheçamos gente legal, façamos novos amigos, conheçamos um novo restaurante, frequentemos lugares novos, passemos por ruas desconhecidas. Desejo mudanças.
Desejo que as pessoas estejam ao menos dispostas a ouvir as outras, mesmo sem concordar com o que está sendo dito. Que deixem suas ideias de mármore um pouco de lado, se abram para novas visões e reflitam sobre elas. Quero que entendam que discordâncias ideológicas e divergência de opiniões não são o fim do mundo. Que ninguém deve ofender ninguém porque um ou outro não concordou que se diz laranja e não cor de abóbora.
Que as pessoas interajam mais, falem mais, chorem no ombro de colegas, caso necessário. Na maioria dos casos, a introspecção não é uma coisa boa.
Quero que nos preocupemos cada vez menos com o alheio, no que diz respeito a frivolidades. O corpo, a roupa, o sexo, a cor, o corte de cabelo, o tamanho dos lábios.
Desejo também que nossos medos se tornem fracos e quebráveis, porque só assim conseguiremos lutar pelo que acreditamos e pelo que desejamos.
Desejo mais sexo a todos,
Desejo menos medos
E mais desejos.