sexta-feira, 7 de março de 2014

Vazio




A noite de Quinta-feira foi tão vazia quanto ele se sentira naquele dia. E no dia anterior. E no anterior ao anterior. As frases do livro que lia já não lhe causavam a excitação de costume, as atividades que costumava fazer para preencher o tempo pareciam fracas e inúteis, os sentimentos ficavam cada vez mais frágeis, superficiais e opacos. Era como se as coisas houvessem passado para o estado gasoso e ele fosse a bexiga sem nó na qual elas deveriam permanecer. Ou pelo menos entrar pra fazer uma festa, tocar uma música, plugá-lo numa tomada sensações. Espetá-lo com uma agulha!

Sentir. Essa era a palavra que melhor soava aos seus ouvidos naqueles dias. Não desejava amar com extrema ternura, apaixonar-se cegamente, ou chafurdar em felicidade. Desejava se livrar daquela inércia interior que o consumia e transformá-la num evento incomum em seus dias.

Ele pensou demais essa semana. Foi ao banheiro e chorou em frente ao espelho. Aquelas lágrimas feitas de nada o disseram pra continuar tentando: troque o livro, ouça outro estilo musical, fale com desconhecidos, pule de um penhasco. Foda. Beba. Suma. Sai daí!

Nenhum comentário:

Postar um comentário