De vez em quando
acontece na casa de todo mundo: falta energia ou, numa linguagem mais
coloquial, acaba a luz. Aposto que na maioria das vezes a luz em si é
o que menos importa. A falta de energia significa que ficaremos sem
TV, sem chuveiro quente, sem carregar o celular e, claro, sem o
venerado computador. E sabemos muito bem que, nos dias de hoje, ficar
sem tudo isso é um convite ao tédio.
Mas não é de todo
ruim, vai. Nessas circunstâncias a gente também é estimulado a
conversar com quem está por perto, dar mais atenção ao nosso bicho
de estimação, pegar um livro pra ler, sair para dar uma volta ou
simplesmente tirar um cochilo. Sem sermos bombardeados por tanta
informação, nos sentimos mais leves. Ainda que na marra.
Um exemplo desse
possível divertimento carente de tomadas plugadas eu vi um dia
desses, num episódio de uma série cômica americana, cuja tradução
feita para o português foi Eu, a patroa e as crianças. A energia da
casa acaba e a família passa a se divertir no escuro: jantam à luz
de velas no jardim, brincam com lanternas e jogam mimica.
Só resolvi escrever
sobre isso porque não consigo gostar da ideia de só estarmos
satisfeitos e de bem com a vida quando estamos com a bunda enfiada no
sofá e os olhos voltados pra uma tela – seja ela qual for. Tá,
não vamos fazer o mesmo que o pessoal da série e explodir de
alegria toda vez que a energia for embora. Como a maioria, também
odeio banho frio, tenho amigos esperando respostas em redes sociais e solto um "AEEEH" quando os aparelhos começam a ser ligados e as lâmpadas a acender. Mas daí tiro uma
coisa: a energia pode ir embora. Mas não precisa levar nossa luz.
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