quinta-feira, 24 de julho de 2014

Quando falta luz


De vez em quando acontece na casa de todo mundo: falta energia ou, numa linguagem mais coloquial, acaba a luz. Aposto que na maioria das vezes a luz em si é o que menos importa. A falta de energia significa que ficaremos sem TV, sem chuveiro quente, sem carregar o celular e, claro, sem o venerado computador. E sabemos muito bem que, nos dias de hoje, ficar sem tudo isso é um convite ao tédio.

Mas não é de todo ruim, vai. Nessas circunstâncias a gente também é estimulado a conversar com quem está por perto, dar mais atenção ao nosso bicho de estimação, pegar um livro pra ler, sair para dar uma volta ou simplesmente tirar um cochilo. Sem sermos bombardeados por tanta informação, nos sentimos mais leves. Ainda que na marra.

Um exemplo desse possível divertimento carente de tomadas plugadas eu vi um dia desses, num episódio de uma série cômica americana, cuja tradução feita para o português foi Eu, a patroa e as crianças. A energia da casa acaba e a família passa a se divertir no escuro: jantam à luz de velas no jardim, brincam com lanternas e jogam mimica.

Só resolvi escrever sobre isso porque não consigo gostar da ideia de só estarmos satisfeitos e de bem com a vida quando estamos com a bunda enfiada no sofá e os olhos voltados pra uma tela – seja ela qual for. Tá, não vamos fazer o mesmo que o pessoal da série e explodir de alegria toda vez que a energia for embora. Como a maioria, também odeio banho frio, tenho amigos esperando respostas em redes sociais e solto um "AEEEH" quando os aparelhos começam a ser ligados e as lâmpadas a acender. Mas daí tiro uma coisa: a energia pode ir embora. Mas não precisa levar nossa luz.

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