A gente cansa de muita coisa nessa vida. Cansa até do inimaginável, do que é muito bom.
A gente cansa da nossa casa, da nossa escola, do nosso trabalho. Cansa das pessoas que a gente ama, das nossas roupas, dos nossos bichos, da caminhada. A gente cansa da gente.
E pior cansaço é o de si. Das mesmas manias chatas, daquelas ideias erradas. De algumas atitudes espontâneas, então... Estamos com fadiga, querendo voltar no tempo. Esse papo de se arrepender apenas daquilo que não fez é coisa de gente meio doida, que tem dificuldade em admitir fracassos e reconhecer erros. Ah, a gente cansa! Cansa mesmo. Esse despertador, o vizinho inconveniente, o interfone com defeito.
Mas sabe que é bom? É. Porque se somos forte e estamos exaustos, mudamos. Se cansando a gente entrega as chaves do carro a um amigo e vai de bicicleta. Se cansando a gente pede um aumento ao chefe, uma ajuda ao colega que é bom em matemática. Não joga os bichos na rua, mas pega mais uns dois. Não fica calado sentindo raiva, chama pra conversar. Se cansando a gente para a caminhada por alguns instantes, seleciona uma outra pista, toma um gole d'água e recomeça num novo ritmo.
Se cansando a gente bate a porta com força, vai ali na argentina, respira novos ares. Reconstrói nossa fé num mundo melhor para todos. Ligeiramente desnecessário é dizer que os cansaços mais cansados são os de maior potencial. Os pivores de grandes reviravoltas. Um mal necessário que sempre volta.
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