Hoje me admirei com os automóveis potentes e exuberantes parados há cinquenta minutos num mesmo ponto do trânsito. Me admirei com tamanho avanço, com a grandeza da nossa era, com a modernidade gritando de ponta a ponta da cidade lotada de ensurdecedoras luzes vermelhas e amarelas. Em meio a qualquer ruído das seis da noite, quem grita mais alto são os carros, as sirenes, as buzinas, as bocas raivosas de volantes que estão sempre certos e que, não, não dão passagem a ninguém. Qualquer espaço perdido na avenida é perda de tempo e todo mundo tem pressa de chegar. Muitas vezes a coisa que mais demora em nossos dias é pela qual queremos passar o mais rápido possível, isso é certo. E hoje, num ônibus, mais ou menos quarenta pessoas representavam essa mesma quantidade de carros a menos nos túneis infinitos do cair da noite carioca. Me peguei pensando, ali, naquele claustro abarrotado, na engenhosa e brilhante máquina que é um automóvel. E também na grandiosa burrice coletiva que nos acomete em dias úteis.
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