Um dia desses, um
pouco antes de dormir, conversei e ri bastante com minha irmã.
Falamos sobre seu novo namorado, sobre relacionamentos em geral,
sobre sentimentos. E então fomos dormir com aquela leveza gostosa
que boas risadas sempre nos proporcionam.
Na manhã seguinte
ela se levantou cedo, como de costume, e foi trabalhar. Eu acordei
por volta das 10 e, como sempre e eu não devo ser o único, fui logo
tratando de achar meu celular em algum canto da cama. Chequei as
mensagens e a mais recente me havia sido enviada na noite passada,
por volta das 23 horas. A mensagem dizia: “Vc é meu melhor amigo.
Eu te amo.” Adivinhem de quem era a mensagem... Isso mesmo, da
minha irmã.
A pergunta é: por
que me escrever uma mensagem dizendo isso se estávamos, na hora em
que ela foi enviada, conversando cara a cara? É tão difícil assim
demonstrar afeto e verter seus sentimentos a alguém? Pode parecer
bobagem para alguns, mas isso é mais comum do que parece. Eu
compreendo a dificuldade e sou fiel possuidor dela.
A verdade é que não
importa a intensidade do amor ou de algum outro sentimento que temos
por alguém, às vezes as circunstâncias e o medo da reação e de
um ligeiro constrangimento não nos permitem abrir a boca e pôr em
palavras o que sentimos. Vamos guardando tudo dentro de nós,
deixando transparecer esses sentimentos afogados em ações
espontâneas. Quantos “Eu te amo” não proclamados por aí, não
é mesmo?!
Pra concluir: isso
não significa de forma alguma que amamos menos do que os corajosos
que rompem essa barreira com facilidade. Pelo contrário, vindo da
minha irmã, com quem não troco palavras afetuosas quase nunca e
quando o faço a estranheza é inevitável, ainda que um tanto acanhado, um Eu te amo nunca me
soou tão verdadeiro.
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