segunda-feira, 7 de julho de 2014

Besteiras que circundam a homossexualidade feminina

A homossexualidade hoje em dia é vista por muitos como algo que não deveria existir, algo repulsivo, que só existe porque aconteceram descuidos, desvios imperdoáveis de uma moral. Não cogitam a possibilidade de pessoas sentirem, de fato e inevitavelmente, atração por pessoas do mesmo sexo, e consideram a homossexualidade e sua prática apenas uma maneira irreverente de desrespeito a coisas que consideram sagradas e fundamentais. Os que compreendem a inevitabilidade desse desejo sexual, apelam absurdamente para argumentos que reivindicam a reclusão dele. Reivindicam que homossexuais não exerçam suas vontades e se escondam em si mesmos para o agrado do todo.

Há também aqueles que passam a aceitar a homossexualidade alheia, à medida em que estabelecem com esta alguma relação que os favoreça de alguma forma. É o caso da fetichização da homossexualidade feminina por parte de homens heterossexuais. Estes veem nesta prática uma única utilidade: obter prazer de alguma forma.

É inegável que muitos homens possuem fantasias sexuais envolvendo duas mulheres, estejam elas se relacionando com ele simultaneamente, estejam elas se relacionando entre si. A existência dessas fantasias é algo saudável e completamente natural. Entretanto, é a partir delas que seus idealizadores passam a internalizar a falsa ideia de que a prática da homossexualidade feminina é útil apenas para servi-lo. O que reforça as ideias de que o correto mesmo é "mulher com homem", que isso é apenas mais um artifício para o alcance de sua satisfação, assim como é uma revista erótica e um filme pornô, e que os desejos sexuais das mulheres não importam tanto assim, devem estar sempre girando em torno dos desejos de um homem.

À medida em que a relação entre duas mulheres não obedece aos desejos desse homem, ela deixa de ser admirável e aceitável. Enquanto sua libido, sexualidade, seu imaginário estão sendo estimulados por tal prática, o fato de ser duas mulheres, duas pessoas do mesmo sexo, pouco importa. E isso se dá quando estão nuas, exibindo seus corpos, se relacionando fisicamente, ou seja, satisfazendo-o. Por outro lado, quando essa prática parte para o lado não físico, para o lado emocional, o lado que culturalmente representa que duas pessoas se gostam e mantém uma relação amorosa, a prática passa a ser incompreendida e hostilizada. 

Dito isto, fica claro como egocentrismo e machismo estão impregnados na sociedade e como isso sustenta crenças e comportamentos. O que falta em muitos homens é a capacidade de aceitar que a mulher possui desejos sexuais particulares e próprios e que sua sexualidade não gira em torno da deles. Portanto, o fato de uma mulher se interessar por outra, significa nada mais, nada menos que ela é um ser livre e com desejos. E esses desejos e a vontade legítima de saciá-los, nenhuma força externa baseada em diretrizes toscas é capaz de destruir. 

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