segunda-feira, 15 de julho de 2013

Também quero um pouco de inferno


   É bem difícil escolher entre ordem e caos. Eu sou o centro da desorganização mas gosto das minhas coisas do meu jeito. Gosto de quarto arrumado e até vibro quando estou sozinho em casa. Nos braços do silêncio. No entanto, não saberia viver longe disso aqui. Das ruas que falam e não falam pouco, dos carros que gritam e gritam alto, de ouvir línguas que nem sei dizer quais são ao caminhar pelo meu bairro, das músicas estrondantes vindas de prédios, casas, bares e boates pela manhã, tarde, noite ou madrugada, dos sinais que demoram pra fechar e atordoa todos que ali estão parados, olhando pra seus relógios. Mas que gente atrasada, que gente apressada. Mas quanto prédio, quanta luz. Uma fila tão grande em frente ao cinema, uns olhares tão fixos em vitrines. Esses mil encontros marcados e desmarcados por dia, esses restaurantes lotados, essas risadas exageradas, esses gritos, essa cobradora de ônibus mau humorada, esse pipoqueiro simpático, esse mercado lotado e essa calçada molhada. E meus pés cansados. Não quero ordem pura. Sabe aquele que "knock on heaven's door"? Então. Não sou eu. Eu também quero um pouco de inferno.

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