Voltar pelo
caminho de mim e me recolher as partes, os estilhaços, os membros espalhados de
mim mesmo. Olhar para trás e ir até lá. Se aproximar com cuidado, mas sem medo,
e entender a cara de todas as minhas mortes. Refazer uns pontos em mim e chorar
o que não chorei, falar o que não falei e apreender o que me foi negado. De pés
calmos, caminhar sem pressa pelos meus túneis e resgatar os prisioneiros que
escondi, e que depois se esconderam de mim.
Colocar tudo
em seu devido lugar. Ou tentar. Revisitar os porões que ficaram abertos, entender
porque algumas luzes se apagaram e acendê-las quando for preciso. Tatear no escuro e achar umas chaves que estavam lá o tempo todo. E ir abrindo algumas portas então, ferrolhos
de ferro, sistemas elétricos, e encantar uns cães raivosos. Ir liberando alguns
sinais, algumas trancas e algemas. Fazer as coisas acontecerem, fazer a água
rolar e meu trânsito fluir.
Voltar em
mim pra me fazer acontecer, pra ressuscitar o bom que tenho ou tinha.
Ressuscitar o bom de mim e agregar ao melhor que tenho agora, e sair andando e
gritar pra fora. Gritar pra fora minhas velhas novas partes, meus
redescobrimentos de mim. E seguir em frente e esquecer também umas partes
pelo caminho futuro, e perder outros membros e aprender um pouco mais, coletar outras coisas e passear por outros bosques, por outros pântanos, por outras trilhas de mim.
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