domingo, 26 de abril de 2015

O gato

Me enrolo nas horas do dia e adormeço.
O sol lá fora já me conhece,
Se entristece,
Mas tem a virtude da constância, que desconheço.

Desperto atordoado e os fantasmas emergem.
Dou as costas, dou de ombros, bato o rabo,
Destruindo almofadas de enfado,
Percorrendo um corredor em duas horas.

Imóvel, reviro as merdas da vida.
E Tento escondê-las embaixo da areia
Que me sobrecarrega pela manhã e à tarde,
Na volta e na ida.

Eu tenho lambido esses dias chatos,
Esses trabalhos fartos,
Que por vezes me castram de prazer.

Mas a bola de pêlos ganha corpo e se revolta,
Busca o fantasma atrás da porta,
E um dia ainda vomito
Tudo o que me faz sofrer.

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