A gente cansa de muita coisa nessa vida. Cansa até do inimaginável, do que é muito bom.
A gente cansa da nossa casa, da nossa escola, do nosso trabalho. Cansa das pessoas que a gente ama, das nossas roupas, dos nossos bichos, da caminhada. A gente cansa da gente.
E pior cansaço é o de si. Das mesmas manias chatas, daquelas ideias erradas. De algumas atitudes espontâneas, então... Estamos com fadiga, querendo voltar no tempo. Esse papo de se arrepender apenas daquilo que não fez é coisa de gente meio doida, que tem dificuldade em admitir fracassos e reconhecer erros. Ah, a gente cansa! Cansa mesmo. Esse despertador, o vizinho inconveniente, o interfone com defeito.
Mas sabe que é bom? É. Porque se somos forte e estamos exaustos, mudamos. Se cansando a gente entrega as chaves do carro a um amigo e vai de bicicleta. Se cansando a gente pede um aumento ao chefe, uma ajuda ao colega que é bom em matemática. Não joga os bichos na rua, mas pega mais uns dois. Não fica calado sentindo raiva, chama pra conversar. Se cansando a gente para a caminhada por alguns instantes, seleciona uma outra pista, toma um gole d'água e recomeça num novo ritmo.
Se cansando a gente bate a porta com força, vai ali na argentina, respira novos ares. Reconstrói nossa fé num mundo melhor para todos. Ligeiramente desnecessário é dizer que os cansaços mais cansados são os de maior potencial. Os pivores de grandes reviravoltas. Um mal necessário que sempre volta.
quinta-feira, 27 de novembro de 2014
quinta-feira, 20 de novembro de 2014
Pra não morrer de novo
De todos os mundos que existem, você quis viver no meu. Com meus baixos escrúpulos, te deixei entrar, abri todas as portas, te ofereci um chá e alguns prazeres fugazes. Mas que hóspede peculiar é você. Não sentou onde devia, arrancou a toalha da mesa, derrubou alguns cristais. E então saiu pela janela, levando um pouco de mim, um pouco da minha paz.
Não te preocupa, não olha pra trás. Tenho feito alguns ajustes, tenho limpado tua sujeira. Uma nova ordem vem sendo instaurada. Mas dessa vez, aparelhos seletivos nas portas. E sem cristais ao alcance dos olhos.
Não te preocupa, não olha pra trás. Tenho feito alguns ajustes, tenho limpado tua sujeira. Uma nova ordem vem sendo instaurada. Mas dessa vez, aparelhos seletivos nas portas. E sem cristais ao alcance dos olhos.
domingo, 16 de novembro de 2014
Ida
Tentei te contar sobre a luz na escuridão,
você não pôde ouvir.
Construí um circo pra te tirar o choro,
nem ao menos sorriu.
Desenhei flores em teu caminho,
uma canção no silêncio de teus dias,
você dormiu, não viu.
Agora estou comigo,
procurando flores no caminho,
acendendo luzes na escuridão.
De ti não sei,
dou fé de que estejas sorrindo,
enquanto cantas outra canção.
Desenhei flores em teu caminho,
uma canção no silêncio de teus dias,
você dormiu, não viu.
Agora estou comigo,
procurando flores no caminho,
acendendo luzes na escuridão.
De ti não sei,
dou fé de que estejas sorrindo,
enquanto cantas outra canção.
sábado, 15 de novembro de 2014
Reclamações regressivas
Há uma tendência, da qual participo com afinco, da reclamação da boca pra fora. Reclamação sobre o que não incomoda de fato, sobre o que é tão simples, sobre tudo e nada ao mesmo tempo. Minha reclamação vai, agora, pra esse tipo de bobagem que nos toma muito tempo e que amargura o que pode ser doce.
Hoje, sábado de tarefas zero, levantei cedo. Acordei sozinho, nenhum amor. Umas crianças gritando na calçada e passarinhos se comunicando com outra dimensão. A água do chá secando no fogo e o sereno invadindo parte da sala. E eu, conectado a mim, percebi a graça de estar comigo. E apenas isto.
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