Acordo sonolento e perambulante e já a avisto. Calma, não é nada demais, vai logo pra não se atrasar. Vai passar, vai passar. Esqueço ela atrás das risadas e das bobagens. Atrás da música, do livro, das palavras. E então ela grita. Não dou ouvidos. Grita mais alto, se contorce, esperneia, me sacode: ei, eu tô aqui. Eu tô aqui e não vou sair. As veias das têmporas dançantes e latejantes tun tun tun tun. No ritmo da dor tun tun tun. Não vou me medicar por qualquer dor de cabeça de cidade grande. Vou dormir que passa. Fechar as cortinas, apagar a luz. Resistir. Sono... sono... sono... relaxamento... relaxamento... tun tun tun tun tun tun. Eu vou enlouquecer. Me olho do alto da dor: olhos inchados, testa franzida, olhos lacrimejantes.
Desisto, ela vence. Toma então sua refeição desgostosamente amarga.
Uma hora passa. Mas e até lá?
Até lá é eu, o breu e TUN TUN TUN TUN.
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