Volto àquela leitura inacabada, passo a mão pela capa áspera e me deito, me conforto, me ajeito. Bruços, barriga pra cima, de lado, me sento, me deito de novo. Olhos cansados num movimento repetitivo aquecendo palavras tímidas, recém-acordadas. Enorme a fila de versos sonolentos com sede de compreensão, a fluidez, a impaciência das últimas páginas, minha mente modeladora. Me deparo com o poético, com o conscistente, com o útil. E também com o frívolo. Vou engolindo, vou digerindo. Talvez excrete algum dia. Talvez não.
Coisa tão simples essa, tão fácil. E tão grandiosa, reveladora. Grande prazer esse da mobilidade inerte, grande abrir de boca na madrugada. Páginas sôfregas, insinuantes, nuas. Delas me despeço aos poucos, com bocejos e incompreenções. Caindo sobre meu peito, assistem ao lento encontro de pálpebras. Temendo um adeus, desejam um até logo.
E desse reencontro nunca sei. Talvez amanhã. Talvez mês que vem.
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