A chuva não passa e nem o ônibus. O médico não libera a alta e o frango assado não chega no ponto. O discurso tedioso não acaba, o chaveiro não chega, teus amigos não aparecem, um celular que não vibra. E olha pra tela a cada minuto, olha pela janela contorcendo o pescoço, bate o pé, levanta e senta, bate a porta da geladeira. A fila tá quilométrica, acho que aquele caixa tá mais vazio; guichê cinco, senhora, aguarde sua vez. Nove meses carregando o filho, o sinal do recreio já vai bater, o carro de teu pai já já dobra a esquina e teu crush vai finalmente te beijar. A pizza chegou? Esse comercial tem cinco minutos, a carne não descongela, a piscina não enche... A iminência da resposta já faz semanas que te afliges; se sim ou se não, se vai ou não vai, se certo ou errado, se glória ou terror. E um abismo que paira no ar de toda a nossa miudeza diante dele, o tal senhor, que nos sopra onde for: aguarde um minutinho por favor.
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