sábado, 5 de outubro de 2024
Ventania
segunda-feira, 8 de julho de 2024
Coletivos
Hoje me admirei com os automóveis potentes e exuberantes parados há cinquenta minutos num mesmo ponto do trânsito. Me admirei com tamanho avanço, com a grandeza da nossa era, com a modernidade gritando de ponta a ponta da cidade lotada de ensurdecedoras luzes vermelhas e amarelas. Em meio a qualquer ruído das seis da noite, quem grita mais alto são os carros, as sirenes, as buzinas, as bocas raivosas de volantes que estão sempre certos e que, não, não dão passagem a ninguém. Qualquer espaço perdido na avenida é perda de tempo e todo mundo tem pressa de chegar. Muitas vezes a coisa que mais demora em nossos dias é pela qual queremos passar o mais rápido possível, isso é certo. E hoje, num ônibus, mais ou menos quarenta pessoas representavam essa mesma quantidade de carros a menos nos túneis infinitos do cair da noite carioca. Me peguei pensando, ali, naquele claustro abarrotado, na engenhosa e brilhante máquina que é um automóvel. E também na grandiosa burrice coletiva que nos acomete em dias úteis.
sábado, 16 de março de 2024
Noite e dia
E quase toda noite sou ardência.
Guardo pra mim minha carência.
E me repito em versos e hábitos nefastos.
Sigo bem todos meus rastros.
E tento cortar caminhos
por onde desconheço.
Numas manhãs, padeço.
E então gasto o dia assim:
Reacendendo vida em mim,
Tentando me tirar do avesso.
sexta-feira, 15 de março de 2024
Sonho
quinta-feira, 7 de março de 2024
Ciclo
quinta-feira, 25 de janeiro de 2024
Minutinhos
A chuva não passa e nem o ônibus. O médico não libera a alta e o frango assado não chega no ponto. O discurso tedioso não acaba, o chaveiro não chega, teus amigos não aparecem, um celular que não vibra. E olha pra tela a cada minuto, olha pela janela contorcendo o pescoço, bate o pé, levanta e senta, bate a porta da geladeira. A fila tá quilométrica, acho que aquele caixa tá mais vazio; guichê cinco, senhora, aguarde sua vez. Nove meses carregando o filho, o sinal do recreio já vai bater, o carro de teu pai já já dobra a esquina e teu crush vai finalmente te beijar. A pizza chegou? Esse comercial tem cinco minutos, a carne não descongela, a piscina não enche... A iminência da resposta já faz semanas que te afliges; se sim ou se não, se vai ou não vai, se certo ou errado, se glória ou terror. E um abismo que paira no ar de toda a nossa miudeza diante dele, o tal senhor, que nos sopra onde for: aguarde um minutinho por favor.