Pra onde vai o choro que não escorre sobre a pele? Aquele que a garganta não deixa passar e devolve quente ao coração. Aquele que faz o corpo tremer e doer por dentro, mas que não macula nossa imagem diante do espelho. Aquele que por vezes nos petrifica e desnorteia nosso pensar, nosso olhar e até nossos movimentos. Acho que chorar a seco dói bem mais do que mergulhar na dor - é mais fácil nadar em nossa água do que em nossa areia. É mais fácil se entregar a supostas fraquezas do que se considerar rocha. Aliás, tamanha tolice é adotar tal postura, uma vez que as tempestades sempre vêm e nossas pedras sempre rolam; nossos sedimentos vêm a baixo de uma forma ou de outra. O perigo é que, ao guardar muita água no peito, nossos deslizamentos podem afogar até quem mais amamos.
Nenhum comentário:
Postar um comentário