Queria eu poder falar de sentimentos sem tremer na base. Queria eu poder te guiar por uns becos largos do meu coração sem que eles, teimosos, chacoalhassem suas paredes meladas e me fizessem arrepiar de ponta à ponta.
Não sei se sou bom em apresentar o que quer que seja, mas faria um esforço pra te fazer passear por cada uma dessas cavidades chafurdadas em coisas que o tempo deixou e deixa. Bom... esse senhor já me trouxe alguns presentes extraordinários e eles já estão eternizados em minha parede de boas recordações. Outros, porém, apenas guardo, e quando ele me permite vou lá dar uma olhada e tentar transformar em algo bom ou minimamente tragável.
Quando estiver por aqui, por essas ruas de vermelhidão sangrenta, verá caixas abertas repletas de coisas sublimes disponíveis a ti e a tantos outros. Eu posso até jurar que não sou nem um pouco mesquinho com nada disso. Então pegue, leve, faça ótimo proveito.
Preciso te contar também sobre os pântanos e sobre um sangue mais escuro que jorra numas noites não tão boas. Não se assuste com as marcas que ainda não receberam a graça do tempo e não podem ser chamadas de cicatrizes. Você poderá me ajudar se quiser, se souber, se puder. E eu farei todos os esforços pra amordaçar a droga do orgulho.
Ah, e que processo complicado todo esse aí. Isso é pra quem gosta de se aventurar de verdade. E não te demores nos braços do medo, ele que às vezes gosta de abraçar e não soltar nunca mais.
Por fim, se formos bem sucedidos em tal jornada, se sentirá um pouco mais em casa aqui dentro, aqui no fundo. E terá total aptidão pra perambular por aqui sozinho.
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