terça-feira, 10 de janeiro de 2017

Abrindo o coração

Queria eu poder falar de sentimentos sem tremer na base. Queria eu poder te guiar por uns becos largos do meu coração sem que eles, teimosos, chacoalhassem suas paredes meladas e me fizessem arrepiar de ponta à ponta.

Não sei se sou bom em apresentar o que quer que seja, mas faria um esforço pra te fazer passear por cada uma dessas cavidades chafurdadas em coisas que o tempo deixou e deixa. Bom... esse senhor já me trouxe alguns presentes extraordinários e eles já estão eternizados em minha parede de boas recordações. Outros, porém, apenas guardo, e quando ele me permite vou lá dar uma olhada e tentar transformar em algo bom ou minimamente tragável.

Quando estiver por aqui, por essas ruas de vermelhidão sangrenta, verá caixas abertas repletas de coisas sublimes disponíveis a ti e a tantos outros. Eu posso até jurar que não sou nem um pouco mesquinho com nada disso. Então pegue, leve, faça ótimo proveito.

Preciso te contar também sobre os pântanos e sobre um sangue mais escuro que jorra numas noites não tão boas. Não se assuste com as marcas que ainda não receberam a graça do tempo e não podem ser chamadas de cicatrizes. Você poderá me ajudar se quiser, se souber, se puder. E eu farei todos os esforços pra amordaçar a droga do orgulho.

Ah, e que processo complicado todo esse aí. Isso é pra quem gosta de se aventurar de verdade. E não te demores nos braços do medo, ele que às vezes gosta de abraçar e não soltar nunca mais.

Por fim, se formos bem sucedidos em tal jornada, se sentirá um pouco mais em casa aqui dentro, aqui no fundo. E terá total aptidão pra perambular por aqui sozinho.

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