quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Ateu também é gente

NOSSA, ele é ateu. COMO ASSIM ela não acredita em Deus? Ai, cruzes, nunca vai ser feliz desse jeito. Credo!

Esses são alguns dos comentários que já ouvi em relação a quem é ateu. É realmente assustador como grande parte das pessoas lidam com isso, como elas detestam quem não tem fé. Elas se assustam, se afastam, fazem cara feia, não entendem. Mas como assim não acredita em Deus? Todos têm que acreditar. É o certo. Não é?

Certo não. É o normal, o comum, o habitual. E quando as coisas vão contra isso, as pessoas fazem um alvoroço, relutam, prejulgam, xingam. E é daí que começam a surgir as ideias de que os descrentes serão infelizes, de que vai dar tudo errado na vida deles porque são seres amargos, ruins, sem luz, sem Deus no coração.

Pra essas pessoas, digo: vocês realmente não sabem o que falam. Vocês estão muito errados. Muito mesmo. Vocês estão errados por acharem que o outro está errado simplesmente por não acreditar no que vocês acreditam. Vocês estão errados e devem, urgentemente, começar a desconstruir essas falsas verdades desprezíveis que andam gritando aos quatro ventos.

Vou ser gentil e ajudar nessa desconstrução fazendo uma revelação bombástica pra vocês: eu tenho uma amiga que é ateia. MEU DEUS. ATEIA. Sim, ateia. Sem agradecimentos pelo pão de cada dia, sem preces antes de dormir, sem missa aos domingos. Sem fé, sem Deus. Ateia. E adivinhem só? Ela também ri, ela também se emociona, ela é sensível. Ela é uma pessoa maravilhosa e tem um bom coração. E acreditem, não tem Deus nele.

Então, por favor, parem com isso de julgar irritantemente o outro de acordo com o que vocês acreditam, de acordo com o que vocês ACHAM que é certo. Suas verdades são suas. Só suas.

 Então pensem. Pensem sempre. Faz bem. Não dói. Eu Juro.






domingo, 24 de novembro de 2013

Algumas coisas

eu andei observando algumas coisas
escrevendo algumas coisas
fingindo algumas coisas
aceitando algumas coisas

trejeitos
textos
sorrisos
fracassos

eu venho desconstruindo algumas coisas
destruindo algumas coisas
quebrando algumas coisas
matando algumas coisas

ideias
amizades
copos
insetos

eu tenho falado algumas coisas
sofrido algumas coisas
esmurrado algumas coisas
almejado algumas coisas

merdas
angústias
paredes
paixões



sábado, 9 de novembro de 2013

Fracasso

O domingo começou normal pra mim. 9 horas e já estremeci paredes com Winehouse cantando com força, fiz amor com a coca cola, dei atenção à solidão. Vamos lá, então. Vamos ligar o computador. Você tem um blog, lembra? Você escreve, lembra? Deixa esses seus nadas de lado e vai pensar. Vai criar. Vai escrever. Ideias inacabadas e não muito boas pairando por essa coisa confusa que carrego em cima do pescoço, a página em branco me chamando, a vontade de saber com o que preenchê-la dominando. Mas eu não sei. O que tenho agora não passa de gestos nervosos e suspiros cansados. Passam-se 10, 30, 60 minutos. A página já desesperançosa. E eu também. Desisto. Não vai rolar, não tem nada aqui dentro. Eu não sei mesmo sobre o que escrever. E quando não sei, me deito, rolo, abro a geladeira, bato portas, abraço o tédio, faço nadas. Nadas que me ferem e me consomem. Nadas que me hostilizam. Nadas que me fazem sentir nada. Quando não sei o que escrever, escrevo. E o resultado é esse aqui.

quinta-feira, 7 de novembro de 2013

Quando a dor de cabeça não passa

Acordo sonolento e perambulante e já a avisto. Calma, não é nada demais, vai logo pra não se atrasar. Vai passar, vai passar. Esqueço ela atrás das risadas e das bobagens. Atrás da música, do livro, das palavras. E então ela grita. Não dou ouvidos. Grita mais alto, se contorce, esperneia, me sacode: ei, eu tô aqui. Eu tô aqui e não vou sair. As veias das têmporas dançantes e latejantes tun tun tun tun. No ritmo da dor tun tun tun. Não vou me medicar por qualquer dor de cabeça de cidade grande. Vou dormir que passa. Fechar as cortinas, apagar a luz. Resistir. Sono... sono... sono... relaxamento... relaxamento... tun tun tun tun tun tun. Eu vou enlouquecer. Me olho do alto da dor: olhos inchados, testa franzida, olhos lacrimejantes.
Desisto, ela vence. Toma então sua refeição desgostosamente amarga.
Uma hora passa. Mas e até lá?

Até lá é eu, o breu e TUN TUN TUN TUN.