terça-feira, 31 de julho de 2012

Cativeiro






    Ela abriu os olhos. Não viu nada. Foi movimentando-se lentamente na tentativa de se levantar do chão frio e úmido. Não sabia onde estava, começava a se apavorar. Seus olhos se acostumavam com a escuridão, Suas mãos ardiam como se tivessem sido retalhadas pela lâmina mais fina que possa existir. Sentia um líquido morno e viscoso escorrer vagarosamente por sua barriga dolorida. Fazia ideia do que poderia ser. Respirando com imensa dificuldade ela rastejava, traçando com sangue o caminho que percorria pelo chão. Ao achar uma parede ela apoiou suas duas mãos e com muita força nas pernas conseguiu ficar de pé. Foi dando passos curtos e laterais com o auxílio da parede, que não cheirava bem. Encostou seu cotovelo na fechadura gélida de uma porta de ferro e emitiu um som abafado, uma tentativa de grito, com o susto. Ouviu vozes vindas do outro lado da porta. Ficou amedrontada e sem saber o que fazer foi se afastando da porta, tropeçou e caiu de costas, levantou cambaleante enquanto a porta se abria rapidamente com o que parecia ter sido um chute. Não conseguia enxergar nada ao olhar em direção a porta, a claridade queimava seus olhos como fogo queima um simples papel. Conseguia ver, embaçadamente, uma silhueta parada na porta. Perguntou quem era com a voz trêmula e bastante forçada. A resposta foi dada com três disparos em sua direção, não conseguiu gritar, seu corpo foi jogado pra trás numa velocidade incrível. Dor, mais dor, resistência, olhos se fecham, último suspiro, escuridão.
   Ela abriu os olhos. Sorriu, deu um suspiro de alívio e levantou de sua cama.

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