O sufocamento e o rebuliço do meu peito sobem à garganta e têm gosto de você. Gosto de dúvidas, de incertezas, de confusão. Gosto de um tanto daquilo que eu deveria ter gritado antes. Efervesceram e borbulharam aos meus olhos há pouco. E então escorreram no rosto que anteontem tu beijou.
Deveria eu sentir menos para ter paz então? Não. O que sinto são partes de mim e podem ser partes que não tomei ainda, que não engoli, que não aceitei, que varri para baixo do tapete. Varri para baixo do tapete ao tentar nada transparecer, ao sair completamente armado, ao agredir, ao tentar me distrair em outros braços. Talvez eu reconhecesse esses erros de alguma forma e aquelas desculpas foram sempre a você, quando, na verdade, deveriam ser pra mim.
Desculpas, então, a mim... Que me vi no centro de uma teia de sensações e não as reconheci como minhas. Teias frágeis, de vidro, à disposição de outro. É claro que eu não queria aquilo. É claro que eu estava com medo. E ao tentar me proteger, aprendi que me esconder de mim mesmo pode fazer tudo ficar mais dolorido. Afinal, pra onde vão os nossos silêncios quando deixamos de dizer o que sentimos?
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