quarta-feira, 10 de junho de 2015

Meu acerto

Tu é como a lua às seis da tarde.
Bela,
em toda sua imperfeição.

Te levo comigo
no peito e nos olhos,
e no vago dos minutos tranquilos.

Te esqueço e depois resgato,
me perco e depois me acho
em passos leves e despreocupados
que surgiram depois de ti.

Tu é meu antídoto semanal,
é minha cura do mal
e meu refúgio de mim.

Tu é errado como minha gramática,
te ponho em prática
e soa melhor assim.


segunda-feira, 1 de junho de 2015

Castelo de cartas

Eu vivo na calma das horas, nas brechas dos dias, nas sombras lá fora. Meus fantasmas são esculpidos com exímio talento e guardados detrás da estante, embaixo da cama, dentro do sótão da consciência.

E apesar do meu olhar caído em manhãs indigestas, apesar dos gritos internos de horror em noites claras, o que os ofereço é apenas um pouco mais do que surdez e cegueira cínicas. Se debatem em intenso desespero enquanto os cubro com lençóis vagabundos e mal confeccionados, que comprei num mercado de ilusões baratas.

Os buracos se abrem no tecido fino e passo a costurar retalhos de pensamentos aleatórios num espectro cinza embaçado. Remendando remendos, enganando a qualquer um exceto a mim.

Espero algumas respostas me pegarem no colo e a elas me ato. Num nó cego, num nó farto. Mas a linha logo arrebenta, ela sempre arrebenta. O submundo Consciência deixa o preto e branco pra trás e passa a ser vivo. Vermelho sangue, amarelo sol. E eu vou a baixo, numa queda fragmentada, numa queda justa, pelo precipício que ajudei a construir.