Acorda quando não quero e dorme quando não posso. Se treme inteiro quando deve apenas sorrir e ser solícito. E reclama das noites mal dormidas, das noitadas bem aproveitadas, das comidas por demais gordurosas e do sol sobre a pele pura. Demonstra nas olheiras e nos cabelos ressecados que está de mal comigo, se faz meu inimigo e diz que a culpa é toda minha. Transborda uns sentimentos sobre meu rosto vez ou outra - quando o exponho àquilo que fala alto demais a ele, ao que arrepia a pele e entope completamente meu nariz. Me felicita com pulos e movimentos quaisquer quando a música é muito boa, e bate na cama com músculos doloridos na manhã seguinte. Procura banheiros, para em espelhos, se protege do frio e se esconde do sol em Dias de Rio de Janeiro. Pede por açúcar e por macarrão, se curva ao sentar à mesa e depois se ajeita, se curva, se ajeita. Se rasga e se cura - sangra por dentro ao sorrir por fora. Se coça, se cheira, se lava e se penteia. Se olha, se arruma, se ama e se odeia.