Recentemente a linda da Kim Kardashian afirmou, após a publicação de uma foto em que estava sorridente, que não costuma sorrir porque isso causa rugas. Ai, Kim! Sorrir, rir. Coisas tão simples e tão gostosas sendo trocadas por uma aparência cinco anos mais jovem daqui há uns vinte anos? Poxa. Ok, não te culpo, se até homem é bombardeado por esse culto à beleza de cada dia, você, mulher, tá perdoadíssima.
O que é preocupante de verdade é esse espírito raso que a gente, por vezes, abriga. Essas trocas que fazemos em prol da nossa imagem diante dos outros, em detrimento de nosso próprio bem estar. Isso que pode fazer toda diferença lá na frente, por nos ter roubado o melhor de nós mesmos, sem termos ao menos nos dado conta.
Eu, por exemplo, já perdi as contas de quantas vezes já fui numa festa e não dancei porque tive vergonha, apesar da imensa vontade de correr ao encontro dos amigos na pista. Uma colega minha jamais sai de casa calçando chinelos, "Meu pé é horroroso!" - se justifica. Outra passa a vida se escondendo atrás de uma franja que detesta, "Mas é melhor do que deixar esse testão à mostra", diz. Sobre os que têm vergonha de dizer que pegam o busão todo dia para irem trabalhar ou estudar, eu prefiro nem comentar.
De quem estamos nos escondendo, afinal? Temo que seja de nós mesmos. Não que precisemos sair por aí adoidados, fazendo o que der na telha, mas há concessões e besteiras desnecessárias atrapalhando nosso caminho, nossa visão. O que espero é que deixemos nosso lado besta cada vez mais de lado, que peguemos a batata frita com a mão, que não tiremos o carro da garagem para ir até a padaria da esquina. Espero que a gente deixe de flutuar, aterrize. Que a gente pise no chão.